Porque é tão difícil para mulheres fortes pedir ajuda.
Why it's so Hard for Strong women to ask for Help.
Este não é um texto 'fácil' de ler, é pesado, mas é bem real e acho que pode gerar boas reflexões sobre nossos comportamentos conosco, com os que nos cercam e a sociedade de forma geral... então segue! Boa semana e beijo ho heart <3

'Enquanto eu deito na mesa de operação, esperando ansiosamente a máscara anestésica que traria alívio para o meu medo, eu estava humilhada.
Ao contrário da crença popular, eu não sou feita de aço.
Eu li em algum lugar que manifestamos doenças quando precisamos de atenção. É esse o jeito de ganhar atenção agora? É isso que meu corpo precisa fazer para me forçar a dar um tempo? É esse o jeito que eu peço ajuda?
Eu sempre preferi ser auto-suficiente. Não precisar depender de ninguém simplesmente parecia mais fácil e mais eficiente. Fazia sentir como se eu estivesse no controle. Também me permitia evitar desapontamentos.
Ser vista como fraca é um dos nossos maiores medos. Mesmo nos nossos relacionamentos mais íntimos, achamos difícil nos abrir e compartilhar nossas reações emocionais, admitir quando nos sentimos machucadas. Nós tememos ser rejeitadas ou ouvir ‘não’, então fingimos que não sentimos ou precisamos de qualquer coisa.
Nós vivemos em uma sociedade que é baseada no perfeccionismo e na vergonha.
O medo e a vergonha de ser ‘descoberta’ e exposta como uma impostora ou uma fraude nos assombra desde a infância. Somos criadas com noções ‘tudo ou nada’, acreditando que se não sabemos tudo, então sabemos nada. No trabalho, a competição nos mantém ‘pisando em ovos’ e torna impossível pedir ajuda. Para muitos, a vida em casa se tornou outra batalha, deixando nenhum espaço para ser vulnerável.
É preciso grande auto-consciência e coragem para aceitar ser imperfeita, admitir que estamos nos esforçando, e pedir ajuda. Já que muitas de nós nunca desenvolve simpatia or gentileza conosco mesmas, não conseguimos imaginar que alguém poderia ter tais sentimentos em relação a nós. Pedir ajuda mesmo de pessoas com as quais compartilhamos nossas vidas se torna um processo confuso e torturante.
Há tantas ilusões e expectativas que complicam a comunicação dentro de uma parceria. Nós sentimos que se nossx parceirx realmente nos amasse, notariam que estamos nos contorcendo. Teriam de alguma forma previsto ou antecipado nossas necessidades. O fato de não o fazerem nos faz sentir rejeitadas, reforçando nossa supeita de que são muito auto-centrados para estarem ligados em nós ou que simplesmente não ligam.
No meu próprio relacionamento, quando a última conversa severa finalmente eclodiu de mim, eu tinha esperado em silêncio por um preenchimento espontâneo dos meus desejos por tanto tempo que me sinto completamente não apreciada. Ela frequentemente começa com minhas acusações e desapontamentos, um jeito nem um pouco efetivo de abordar um assunto complicado com alguém.
Desnecessário dizer, que raramente produz os resultados que espero atingir com meu parceirx. A próxima vez que as mesmas questões vierem à tona, eu prefiro continuar fervendo silenciosamente do que começar ou drama familiar. Há muitas gerações, mulheres desenvolveram hipervigilância e sintonia às necessidades daqueles de quem dependemos para sobreviver. Adicione isso ao nosso instino maternal e nossa antenas estão sempre ligadas, sentindo situações onde possamos ser necessárias, muitas vezes bem antes de alguém nos pedir ajuda. Relacionamentos baseados na co-dependência e sacrifício tem criado muita confusão sobre auto-responsabilidade e nosso papel dentro de uma parceria. Muitas mulheres acabaram por expressar seu amor através da auto-negação e sacrifício.
Mas a maioria dos homens não parece ter os mesmos reflexos. Quando nossx parceirx não está no mesmo estado de alerta em que estamos, nos sentimos negligenciadas, rejeitadas, não notadas. Frequentemente nossas projeções não refletem a realidade.
Como os papéis de gênero dentro da dinâmica familiar vem mudando devagar em relação ao que observamos em nossos lares na infância, muitos casais estão trilhando terreno desconhecido. Essa é na verdade uma ótima oportunidade para redefinir e esclarecer nossos papéis não só dentro de um relacionamento, mas também no relacionamento conosco.
A dinâmica prevalente ainda é aquela em que sentimos que temos que escolher entre o que é certo para ‘mim’ e o que é certo para ‘elxs’. Essas coisas são vistas como mutuamente excludentes. Quando escolhemos atender nossas próprias necessidades, o que envolveria pedir ajuda ou tirar um descanso, sentimos que tiramos recursos das pessoas que amamos. Tal pensamento nos mantém aprisionadas nas velhas dinâmicas: dominador e o cordeiro em sacrifício, ou mártir.
A maioria das mulheres sentem-se culpadas quando tiramos um tempo para nós mesmas. Nosso senso condicionado de inferioridade nos incita a querer ser melhor do que achamos que realmente somos. E afim de contrabalancear os sentimentos de culpa e vergonha, tentamos ter certeza de que tudo está ‘perfeito’ antes de atendermos as nossas necessidades. Mas como nada nunca é perfeito, nossas necessidades nunca são atendidas.
Esse tipo de dinâmica leva a ressentimentos escondidos com relação à pessoas com quem compartilhamos nossas vidas e torna ainda mais difícil ser vulnerável. Mesmo em relacionamentos harmoniosos e respeitosos, ninguém consegue ver a vida com a nossa perspectiva. Nossos parceiros não deveriam ter que adivinhar nossas necessidades. Nós precisamos aprender e nos permitir a nos comunicar clara, calma e consistentemente.
Todos necessitamos de descanso, regeneração, e ajuda. Não há nada de anormal ou vergonhoso nisso. Para sobreviver, precisamos escutar as mensagens de nossos corpos e nos cuidar. Manifestações físicas de doenças vêm quando a gente suprime sinais emocionais por tempo demais. Não há escapatória. Quando enfrentamos desafios e nos sentimos sobrecarregadas, pedir ajuda significa se importar consigo mesmx para conseguir a ajuda/suporte que merecemos, assim aumentando a chance de que as coisas funcionarão a nosso favor. Algo mudou quando voltei para casa do hospital.
Eu entendi que o único jeito de amar de verdade meus filhxs, parceirx, e ser capaz de dar a todos com quem partilho minha vida é amar e cuidar de mim. Minhas crianças precisam de mim viva e bem. As pessoas que me amam me querem em suas vidas pelo tempo mais longo possível e estão preparadas para o que vier, uma vez que entenderem o que é necessário. Saber como receber dos outros é nos abrir para receber da vida em si. Quando pedimos ajuda, nossa vulnerabilidade nos dá a oportunidade de nos conectarmos com outros e reforça esse laço através de recursos reunidos. A sensação de bem estar que ocorre transborda para todos que nos rodeiam – um virus bom contagioso.'
“Conhecer a dor é humano. Necessitar é humano… Muitos de nós estão com vontade de estender uma mão amiga, mas estamos muito relutantes em procurar por ajuda quando precisamos nós mesmos. É como se dividíssemo o mundo ‘naqueles que oferecem ajuda’ e ‘aqueles que precisam de ajuda.’ A verdade é que somos ambos. A necessidade é o pacto mais bonito entre humanos.” ~ Brené Brown
Author: Galina Singer (traduzido por mim)
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Not an easy text to read, it's hard, and it's pretty real, and I think it might be good to generating reflections about our behaviors with ourselves, the ones surrounding us and our society...so here it goes! Have a nice week! Kiss on the heart! <3
As I lay on the operating table, eagerly awaiting the anesthetic mask that would bring relief from my fear, I was humbled.
Contrary to popular belief, I am not made of steel.
I read somewhere that we manifest diseases when we need attention. Is this how I get attention now? This is what my body has to do to force me to take a break? Is this the way I ask for help?
I’ve always preferred being self-sufficient. Not needing to rely on anyone just seemed easier and more efficient. It felt as if I were in control. It also allowed me to avoid disappointment.
Being perceived as weak is one of our greatest fears. Even in our most intimate relationships, we find it difficult to open up and share our emotional reactions, to admit when we feel hurt. We fear being rejected or told “no,” so we pretend that we do not feel or need anything.
We live in a society that is based on perfectionism and shaming.
The fear and shame of being “found out” and exposed as an impostor or a fraud haunts us from childhood. We are raised with all-or-nothing notions—believing that if we don’t know everything, then we know nothing. At work, the competition keeps us on our toes and makes it impossible to ask for help. For many, life at home has become another battleground, leaving no space to be vulnerable.
It takes great self-awareness and courage to accept being imperfect, to admit that we are struggling, and to ask for help. Since most of us never develop sympathy or gentleness toward ourselves, we cannot imagine that someone else may have those feelings toward us. Asking for help even from people with whom we share our lives becomes a confusing and torturous process.
There are so many illusions and expectations that complicate communication within a partnership. We feel that if our partner truly loved us, they would have noticed we are struggling. They would have somehow foreseen or anticipated our needs. The fact that they do not leaves us feeling rejected, reinforcing our suspicion that they are too self-focused to be attuned to us or that they simply do not care.
In my own partnership, by the time the severely past due conversation finally explodes out of me, I have waited in silence for spontaneous fulfilment of my desires for so long that I feel completely unappreciated. Often it starts with my accusations and disappointment, not a particularly effective way to broach a complicated subject with anyone. Needless to say, it rarely produces the results I am hoping to achieve with my partner. The next time the same issues rise to the surface, I prefer to continue seething silently than start another family drama.
Over many generations, women developed hyper-vigilance and attunement to the needs of those on whom we depended for survival. Add that to our maternal instincts and our antennas are always engaged, feeling for situations when we may be needed, often long before anyone even asks us for help. Relationships based on co-dependence and sacrifice have created a lot of confusion about self-responsibility and our role within a partnership. Many women have come to express their love through self-abnegation and sacrifice.
But most men do not seem to have the same reflexes. When our partner is not in the same state of high alert as we are, we feel neglected, rejected, unseen. Often our projections do not reflect reality.
As the gender roles within a family dynamic slowly shift from what we observed in our own childhood homes, many couples are treading uncharted territory. This is actually a great opportunity to redefine and clarify our roles not only within a partnership, but also in our relationship with ourselves.
The prevalent dynamic is still one where we feel we must choose between what is right for “me” versus what is right for “them.” These choices are presumed mutually exclusive. When we choose to attend to our own needs, which would involve asking for help or taking time off, we feel that we take resources away from the people we love. Such thinking keeps us trapped in old dynamics: a dominator and a sacrificial lamb, or martyr.
Most women feel guilty when we take time for ourselves. Our conditioned sense of inferiority incites us to want to be better than we think we actually are. In order to counterbalance the feelings of guilt and shame, we try to make sure that everything is “perfect” before we attend to our own needs. Since nothing is ever perfect, our own needs never get addressed.
This kind of dynamic leads to hidden resentment toward people with whom we share our lives and makes it even harder to be vulnerable.
Even in harmonious and respectful relationships, no one can see life from our perspective. Our partners shouldn’t have to guess our needs. We need to learn and allow ourselves to communicate clearly, calmly, and consistently.
We all require rest, regeneration, and help. There is nothing abnormal or shameful about it. In order to survive, we must listen to our bodies’ messages and take care of ourselves. Physical manifestations of dis-ease come when we have suppressed the emotional signs for too long. There is no escape from this.
When we face challenges and feel overwhelmed, asking for help means caring enough about ourselves to get the support we deserve, thus increasing the likelihood that things will work out in our favor.
Something changed when I came home from the hospital.
I understood that the only way to truly love my children, my partner, and to be able to give to all those who share my life is to love and take care of myself. My children need me alive and well. People who love me want me in their lives for as long as possible and are prepared to do whatever it takes, once they understand what is needed.
Knowing how to receive from others is opening ourselves to receiving from life itself.
When we ask for help, our vulnerability provides the opportunity to connect with others and strengthens that bond through pooling resources. The resulting sense of well-being spills out to everyone around us—a contagious positive virus.
“To know pain is human. To need is human…Many of us are willing to extend a helping hand, but we’re very reluctant to reach out for help when we need it ourselves. It’s as if we’ve divided the world into ‘those who offer help’ and ‘those who need help.’ The truth is that we are both. Need is the most beautiful compact between humans.” ~ Brené Brown
Author: Galina Singer